sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Desenho como Objeto

Obra exposta na Festividade de São José, ano 2013.
Padroeiro de Macapá. Ronne Dias. Pirogravura s/ Tábuas.
 
Esse trabalho foi produzido em parceria com o Grupo Imazônia de Poéticas Visuais, exclusivamente para compor o festejo do padroeiro de Macapá: São José. A exposição ocorreu em um estand em frente a antiga catedral. 
A obra foi concebida a partir da linha de pesquisa na eco-arte. Fiz a reutilização de tábuas de refugo de construção, com cortes e queima aproveitei a expressiva textura da madeira para delinear também as dobras do manto. A obra foi adquirida pela Fundação de Cultura Municipal e se encontra no gabinete do prefeito de Macapá.
 

Desenho Instalativo

Obra selecionada no 9 Salão de Arte do SESC-AP, ano 2012.
Hospedeiro. Ronne Dias. Chapa R-x e lápis preto s/ caixa de luz, 2012.


HOSPEDEIRO é um desenho em técnica mista, nas dimensões 66cm X 55cm (alt. x larg.): consiste na aplicação de uma chapa de raio-x do meu próprio corpo, como parte da construção da imagem, coligada ao desenho em lápis preto sobre papel branco.

A ideia deflagra sobre os comportamentos e práticas cotidianas “dependentes” dos usos permanente de objetos pessoais, como os molhos de chaves, as mídias e os aparelhos eletrônicos. Mais do que adornos ou acessórios, portar artefatos, atualmente, é uma prática tão comum que chega a ser imprescindível estar à mão.  Uma ligação ao corpo tamanha capaz de confundir com os próprios órgãos biológicos. Às vezes, chega-se a dar mais atenção a esses artefatos eletrônicos negligenciando os naturais. Percebe-se o drama quando das suas ausências: basta esquecer um celular e o caos se forma, ou o extravio de um pendrive para a história se desfazer, ou não ter um fone de ouvido significa que a vida perde – por um fio – o sentido, ou na falta de um moldem para se sentir excluído, inútil. Esses objetos são parte de nosso corpo ou somos nós, as peças de um sistema? Ou são os objetos parasitas e o corpo hospedeiro da grande engrenagem dos sistemas dominantes?

Conexão não significa interação com o mundo. Por meio do uso das novas tecnologias, em grande parte, essas práticas demonstram um esvaziamento pessoal e, consequentemente, relações interpessoais impalpáveis. O contato humano torna-se incorpóreo nas sociedades tecnológicas. Vive-se uma realidade refutável entre o visível e o insólito; sem definição ou limites entre o virtual e o material. Por isso, a aplicação do raio-x problematiza poeticamente as condições insubstanciais desses usos.

Busco aqui propor uma reflexão das práticas pessoais que geram das necessidades terciárias no lugar das primárias. Plugados ao mundo, mas, com gestos individualistas.