Obra selecionada no 9 Salão de Arte do SESC-AP, ano 2012.
Hospedeiro. Ronne Dias. Chapa R-x e lápis preto s/ caixa de luz, 2012.
HOSPEDEIRO
é um desenho em técnica mista, nas dimensões 66cm X 55cm (alt. x larg.): consiste
na aplicação de uma chapa de raio-x do meu próprio corpo, como parte da
construção da imagem, coligada ao desenho em lápis preto sobre papel branco.
A
ideia deflagra sobre os comportamentos e práticas cotidianas “dependentes” dos
usos permanente de objetos pessoais, como os molhos de chaves, as mídias e os aparelhos eletrônicos. Mais
do que adornos ou acessórios, portar artefatos, atualmente, é uma prática tão
comum que chega a ser imprescindível estar à mão. Uma ligação ao corpo tamanha capaz de confundir
com os próprios órgãos biológicos. Às vezes, chega-se a dar mais atenção a
esses artefatos eletrônicos negligenciando os naturais. Percebe-se o drama quando
das suas ausências: basta esquecer um celular e o caos se forma, ou o extravio
de um pendrive para a história se desfazer,
ou não ter um fone de ouvido significa que a vida perde – por um fio – o
sentido, ou na falta de um moldem
para se sentir excluído, inútil. Esses objetos são parte de nosso corpo ou
somos nós, as peças de um sistema? Ou são os objetos parasitas e o corpo hospedeiro
da grande engrenagem dos sistemas dominantes?
Conexão
não significa interação com o mundo. Por meio do uso das novas tecnologias, em
grande parte, essas práticas demonstram um esvaziamento pessoal e, consequentemente,
relações interpessoais impalpáveis. O
contato humano torna-se incorpóreo nas sociedades tecnológicas. Vive-se uma realidade
refutável entre o visível e o insólito; sem definição ou limites entre o
virtual e o material. Por isso, a aplicação do raio-x problematiza poeticamente
as condições insubstanciais desses usos.
Busco
aqui propor uma reflexão das práticas pessoais que geram das necessidades
terciárias no lugar das primárias. Plugados ao mundo, mas, com gestos
individualistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário